MURRO EM PONTA DE FACA

Texto de Augusto Boal, com direção de Paulo José e elenco de Curitiba, escrito em 1974 por Augusto Boal (1931-2009) durante seu exílio político e apresentado pela primeira vez no Brasil em 1978, em São Paulo, com a direção do próprio Paulo José, somando-se à luta pela redemocratização do Brasil.

Mais de trinta anos após a primeira montagem, a nova temporada relembra a saga escrita durante a ditadura militar por um exilado (o próprio Boal) contando sua história após ser preso, torturado e obrigado a sair do país. Um relato sobre o Regime Militar no Brasil e na América Latina em abordagem histórica, onde o tema ainda é uma realidade, vide os exílios forçados existentes em distintos povos e nações; o Brasil, réu na Corte Internacional dos Direitos Humanos pelos mortos e desaparecidos no Araguaia; a instauração da polêmica Comissão da Verdade pelo atual Governo; o incidente ocorrido em Março de 2012, no Clube Militar, no centro do Rio, na comemoração do aniversário do golpe de 1964, onde a polícia militar, com muita truculência, reprimiu os manifestantes que contestavam a lastimável comemoração.

Em Murro em Ponta de Faca, a trajetória de três casais de brasileiros exilados – burgueses, operários e intelectuais – e obrigados a conviver no mesmo espaço físico. E, a despeito das diferenças, descobrem-se ligados por um sentimento comum: não pertencem a lugar nenhum, vivem em um tempo suspenso. “Boal costumava manter certa distância em relação aos seus personagens, um olhar irônico. Mas, aqui, é como se ele se identificasse, tivesse uma afetividade por eles.

É um texto sobre exilados escrito por alguém que também estava no exílio”, comenta o diretor.

As personagens de Boal são vividas por atores curitibanos e cariocas, reunidos especialmente para este trabalho – Gabriel Gorosito, Laura Haddad, Sidy Correa, Erica Migon, Abilio Ramos, Nena Inoue e os atores stand in, Patricia Saravy e Tiago Luz. A iluminação é do premiado Beto Bruel, o cenário de Ruy Almeida, a direção sonora do londrinense, radicado no Rio de Janeiro, Daniel Belquer, e o figurino da mineira Rô Nascimento.

Sobre o conteúdo, o diretor Paulo José diz que não foi preciso fazer nenhuma alteração no texto original, e afirma, “Hoje ainda observamos, mundo afora, muitas pessoas sem Pátria, sem porto, sem identidade, claro que em outro contexto, mas nem por isso menos exiladas”; e conclui que o texto foi escrito como se a história ocorresse nos dias de hoje, em “linguagem coloquial e contemporânea”.

A montagem, selecionada pelo edital Myriam Muniz da Funarte, estreou, nao por acaso, no dia 31 de Março de 2011, em Curitiba e realizou temporadas no SESC Copacabana/RJ, SESC Belenzinho/SP, Galpão Gamboa/RJ, com apresentações no FILO – Festival Internacional de Londrina e enCena de Jacarezinho, SESC Sao Joao de Meriti/RJ, SESC Agua Verde/PR. Realizou circulação pelo edital Myriam Muniz/ Funarte, pelos estados do Paraná (Colombo, Rio Branco do Sul, Guaira, Foz do Iguaçú); Pará (Sao Domingos do Araguaia e Belém); Sao Paulo (Ibiuna e Perus), Bahia (Alagados) e na programação de debates “Exílios e Pertencimentos” na temporada do Rio de Janeiro e em Sao Paulo, contou com nomes como Marcelo Freixo, Amir Haddad, Paulo José, Cecília Boal, Heloísa Buarque de Hollanda, Dulce Pandolfi, entre outros. Atualmente em circulação pele edital da Caixa e em Outubro de 2013, apresenta-se me 12 cidades do PR,SC e RS pela BR Distribuidora.

Este espetáculo é uma realização do Espaço Cênico com parceria da Duplo Produções na proponência do projeto.